Cory não era tão feliz como parecia

Cory Monteith abre as portas de uma loja de instrumentos musicais, na Sunset Strip, em Los Angeles. Embora seja canadense, parece totalmente americano, alto, entusiasmado, com um sorriso aberto e olhos castanhos; em uma multidão de milhares de rapazes bonitos fazendo teste para uma propaganda da Gap, seria um deles. Segundos mais tarde, faz algo que diz muito sobre ele em questão de honestidade e pureza. Querendo testar uma bateria, instantaneamente dá ao balconista sua carteira de motorista, como garantia contra perda, roubo ou destruição. O balconista recusa.
De volta à rua, entra em seu Honda Civic incrementado, com janelas escurecidas, e sai alarmantemente rápido, em direção a seu lugar preferido para tomar café da manhã, em West Hollywood. Até o momento, sabemos poucas coisas sobre Monteith. Como Finn em Glee, faz um atleta que enfrenta seus colegas do time de futebol americano para se juntar ao clube de coral, tem um problema com ejaculação precoce e não é exatamente inteligente. O que fez Monteith ser notado para o papel foi um teste em vídeo, enviado pelo correio, que o mostrava fazendo um solo de bateria com alguns potes Tupperware virados. Tem 27 anos e é o mais velho dos alunos deGlee. Cresceu em Victoria, Columbia Britânica, onde foi criado pela mãe solteira, abandonou a escola na 9ª série e teve empregos como reparador de telhados e recepcionista do Walmart.
Tenho um passado meio obscuro, digamos”, conta, e começa a falar sobre como começou a beber no início da adolescência e parou aos 19. Antes, tinha sido muitas coisas, lutador de kung fu, baterista de rock e um cristão convertido que queria ser pregador. Como abstêmio, decidiu cimentar sua recém-descoberta sobriedade ao se mudar para o norte do Canadá, para a cidade de Nanaimo. Ali, começou a consertar telhados, e também fez sua primeira aula de interpretação, o que o convenceu a se mudar para Vancouver, onde passou os meses seguintes dormindo no chão da casa do professor de atuação e arranjando papéis onde encontrasse. Então, veio a fita que gravou para o teste de Glee. Depois de enviá-la, recebeu uma ligação de um diretor de elenco deGlee sugerindo que fosse imediatamente para Los Angeles. “Ainda fico absurdamente chocado", diz. “Acho que a qualquer minuto vou ser enviado de volta ao Canadá, algemado por ter roubado o som daquele carro."
"Roubado som de carro?"
Ele suspira. “Olha, abandonei a escola aos 14 anos para ficar vadiando com meus amigos e viver uma vida de crime e ignorar figuras de autoridade."
"Já foi preso?"
"Claro."
"Por crimes ou bebedeira e desordem?"
"Ambos. Quer dizer, não matei, não machuquei ninguém." É bom ouvir isso, claro. Matar pessoas provavelmente seria ir longe demais, mas seria bom ter mais detalhes.
"Você quebrava janelas para roubar o som?"
"Especificamente", diz. “Não consigo me lembrar, mas você tem de fazer o que tem de fazer, cara."

Então, sorri, e é um sorriso dissimulado, quase malandro. É um pouco chocante de se ver. Por algum motivo, faz Monteith não parecer o bom garoto de Glee, mas um Monteith diferente, desconhecido. Tudo em um piscar de olhos. Quase instantaneamente volta a seu normal íntegro e saudável. “Havia substâncias ilegais envolvidas?"
"No momento, estou ligado a Glee e acho que seria ruim para o seriado termos essa conversa." Novamente, dá aquele sorriso. De repente, é bastante aparente que ele é muito mais que um baterista bonitão. Alguns minutos depois, pedimos para que nos divirta. Ele dá aquele sorriso novamente, desta vez como se tivesse sido preparado para o pedido por algum fofoqueiro. Ele vira alguns copos e usa garfo e faca para fazer uma versão de seu teste para Glee. É decepcionante, mas deixamos passar. Temos outras perguntas para ele. “Você já deu uns amassos em alguma colega do seriado?"
"Não. Não dá para misturar negócios e prazer."
"Já deu amassos em outro homem?"
"Não! Isso é intenso, cara, não é uma pergunta que estava esperando."
"Então, cada dia é uma mulher?"
"Não, cara, tento ficar longe disso. Tento me comportar com maturidade."
"Você era uma espécie de vigarista quando moleque, um trapaceiro?" Há uma longa pausa. Monteith parece lutar contra algo.
"Muitos garotos em situações como a minha são", finalmente diz. “Você se dobra desde muito novo, é um camaleão. Eu me adaptava a qualquer ambiente. Quando me mudei para Los Angeles, não gostei, mas agora acho um lugar bem legal. Eu me misturo bem aqui, gosto disso. É uma cidade de camaleões. O que precisar ser, sou, e sou eu, e não sou eu", tenta explicar. “Sabe o que é engraçado em ser um camaleão?", continua. “Se você falar convincentemente com alguma empolgação, uma grande parte da população acreditará em você, mesmo se o que você disser for algo completamente nonsense."
Entre o elenco e a equipe, Monteith tem um apelido, Frankenteen, dado por Murphy. "É porque sou grande e estranho", afirma, “e não sou adolescente, mas estou fazendo o papel de um. Sou como o adolescente montado." E sabe quando, no começo, na loja de instrumentos, Monteith ofereceu rapidamente sua carteira de motorista como caução pelas baquetas? Naquele momento, o gesto pareceu ter algo a ver com pureza e honestidade, mas agora parece que é o que se espera que peçam dele e ele queria ser mais rápido do que o balconista, mas estava errado. Não é perfeito, mas nenhum Franken-algo é.

Rolling Stones, 2010.

Um comentário:

  1. Depois de quase uma semana eu ainda não consigo entender como isso pode acontecer...confesso que não era fã de "Glee" mais sempre achei ele super engraçado, e claro ele e a Lea faziam um casal tão fofo! ela deve estar arrasada :/
    Perder uma pessoa nunca vai ser fácil pra ninguém.

    Querido Batom Vermelho

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